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Eficiência e Patrocínios no PAN-2019


Saudações esportivas!

Apesar da falta de publicidade pelos principais canais de mídia esportiva do país, os Jogos Pan-Americanos de Lima no Peru se encerraram no último dia 11 de agosto e contou com mais de seis mil atletas, de 41 países e distribuídos em 38 modalidades esportivas distintas.

A ressalva que colocamos no início refere-se, talvez, ao foco que os principais canais de mídia esportiva deram à Copa América 2019, realizada em solo brasileiro, o que ofuscou a expectativa com o início dos Jogos Pan-Americanos, que se iniciaram em Lima pouco menos de 20 dias após o encerramento da competição futebolística.

Mas a grande questão que permeou a realização dos jogos Pan-Americanos, e que vamos discutir um pouco, não reside na falta de publicidade dada pela mídia nacional aos Jogos, mas no desempenho da delegação brasileira, que bateu recorde de medalhas e surpreendeu positivamente pelo segundo lugar no quadro geral de medalhas, atrás apenas dos Estados Unidos da América.

O resultado brasileiro causou tamanha surpresa pela eficiência nos resultados, pois foi a menor delegação em número de atletas dos últimos quatro jogos e obteve resultados expressivos, com o total de 171 medalhas, 30 à mais que as duas últimas edições realizadas em Guadalajara-2011 e Toronto-2015.

Em 2017, após a festa de patrocínios com a Olimpíada Rio-2016, as empresas resolveram reduzir significativamente os aportes às Confederações Nacionais de Esporte. Segundo noticiado pela Folha, em 2017, a Confederação Brasileira de Atletismo teve redução de 20% do orçamento, a Confederação Brasileira de Basquete sofreu um baque de, aproximadamente, R$8,5 milhões, enquanto que a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos teve uma queda orçamentária de 75%.

Muitos dos cortes decorreram da falta de organização das entidades esportivas, que navegaram em águas tranquilas e não conseguiram potencializar os investimentos e a bonança advinda com os jogos realizados no Rio de Janeiro.

Entretanto, o que se viu após a Olimpíada de 2016 foi a prisão do ex-mandatário do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, bem como uma série de investigações realizadas pelos órgãos de controle administrativo, que acabaram identificando irregularidades no uso das verbas de patrocínio às entidades esportivas nacionais.

Mas como explicar o crescimento no desempenho no ciclo olímpico subsequente se houve cortes de investimentos?

A grande resposta, ou talvez a mais clara que se pode achar, é que houve um direcionamento nos investimentos. As marcas, empresas ou até mesmo a própria Administração Pública, através de suas empresas ou autarquias, resolveram patrocinar o elemento fundamental para a realização da atividade esportiva, o atleta.

Assim, ao observarmos o desempenho do Brasil em Lima-2019, constatamos que houve um crescimento na eficiência esportiva dos esportes individuais, enquanto que nos esportes coletivos obteve-se resultados pouco convincentes.

Basta se ter uma ideia das participações expressivas de modalidades individuais, como no atletismo, natação, canoagem, hipismo, judô, taekwondo, triatlo e vela.

Para a Bahia, os resultados foram ainda mais expressivos, eis que a delegação formada por atletas baianos conseguiu mais um bom número de medalhas, o que colocou o Estado como recordista em número de medalhas da Região Nordeste no Século XXI. Desde Santo Domingo-2003, as delegações baianas alcançaram o total de 24 medalhas, contra 18 de Pernambuco.

Com isso, a formação de times esportivos patrocinados pelas empresas, como o Time Petrobrás, que tem um orçamento estimado a patrocínio de atletas na base de R$9,8 milhões até a Olimpíada de 2020 em Tókio, ou o Time Ajinomoto e o Time Nissan, mostrou-se o formato ideal para as empresas investirem no esporte, sem estar diretamente envolvidas em escândalos ou falta de eficiência das entidades esportivas nacionais.

E, ao que tudo indica, a estratégia vem dando enormes resultados, inclusive fora do âmbito esportivo. O engajamento dos atletas com as marcas se mostrou muito maior, além da interação que os mesmos proporcionaram aos funcionários das empresas, trazendo histórias de superação e proporcionando sensação de bem-estar profissional aos trabalhadores.

Para o Governo Federal, essa parece ser a estratégia também a ser seguida, eis que os atletas que estão vinculados às forças armadas conquistaram mais da metade das medalhas brasileiras em Lima-2019. Tanto que o Ministro da Cidadania, Osmar Terra, em evento de recepção à delegação brasileira que participou dos jogos, apresentou o tema e afirmou que existe a possibilidade de ampliação do programa de Bolsa Atleta mantido com verbas federais.

Pois bem, o que vemos é o fortalecimento e o direcionamento das verbas de patrocínio para os atletas de primeira linha, ou os que já possuem uma carreira consolidada em competições de grande porte, entretanto, o esvaziamento dos aportes às Confederações esportivas tendem a enfraquecer o esporte de base, eis que essas entidades são as mantenedoras das competições de desenvolvimento esportivo, sendo cruciais na formação de novos atletas.

E você, o que acha das mudanças nos patrocínios esportivos? Será que a estratégia adotada para o patrocínio direto aos atletas dará o mesmo resultado em Tókio-2020? Deixe sua opinião, participe conosco!

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