Olá Amantes do Esporte!
Hoje vamos tratar de um assunto
palpitante, e que tem muito a ver com o que pensamos sobre o esporte.
A indústria do esporte cresceu vertiginosamente nos últimos 30 anos, com
números que colocam as principais marcas esportivas entre as mais fortes e
valiosas do mundo.
Relatório publicado pela
Interbrand, que relaciona as 100 marcas mais valiosas do mundo para o ano de
2018, destaca as duas potências do esporte, Nike (17ª colocação) e Adidas (50ª
colocação) no seleto rol, que é liderado pelas empresas de tecnologia da
informação.
Apenas a marca da Nike foi
avaliada em mais de trinta bilhões de dólares, com um crescimento anual no
valor da marca de 11%. Enquanto isso, sua concorrente alemã, Adidas, teve um
crescimento anual de sua marca em torno de 17%, com a marca das três listras valendo
mais de dez bilhões de dólares.
Ainda que se diga que essas marcas
já não estão apenas inseridas no mercado esportivo, não há como negar que a
grande visibilidade das duas potências, bem como seus principais investimentos,
ainda estão no campo esportivo.
Mas o que esse assunto tem a ver
com a nossa paixão pelo esporte?
Somos levados a crer que não
existe preço para nossa paixão, que somos capazes de extrapolar um pouco nosso
orçamento doméstico para alimentar ou fomentar esse sentimento.
No campo esportivo, muitas vezes compramos
materiais, camisas, uniformes ou equipamentos que alimentam nossa paixão pelo
esporte por preços quase sempre excessivos, mas ainda assim gastamos, e muito.
E quanto mais em evidência está
essa paixão, seja com a realização de uma competição de porte internacional na
cidade ou região próxima, com a classificação de seu time para as fases finais
de um grande torneio ou apenas com o lançamento de um novo produto que melhore
o desempenho, percebe-se que a tendência é a elevação, quase sempre, absurda
dos preços.
Será que existe limite financeiro
para a paixão? Ou melhor, existe promoção para o que não tem preço?
Podemos usar dois exemplos para
responder tais questionamentos. Durante a realização da Copa América 2019 no
Brasil, diversos veículos de comunicação noticiavam o preço elevado dos
ingressos cobrado pela CONMEBOL.
Com isso, em diversas partidas,
principalmente na fase de grupos do torneio, causou surpresa a presença
diminuta do público, com algumas partidas trazendo constrangimento às emissoras
que transmitiram as partidas, pois as arquibancadas estavam vazias.
Apesar disso, a própria CONMEBOL
relatou que os resultados financeiros foram excepcionais e que a expectativa
foi além da esperada, antes da realização da competição, com superávit absoluto
ao seu final. Importante observar que as partidas tiveram uma melhora
expressiva de público nos estádios à partir das fases eliminatórias que,
inclusive, tiveram os valores do tíquete médio ainda mais elevados.
Quando vamos analisar o consumo
com relação a materiais e equipamentos esportivos, percebemos que a situação
não é tão fácil. Os consumidores buscam cada vez mais os melhores preços,
principalmente em razão dos altos valores que são cobrados por materiais
esportivos.
Vestuário, calçados e acessórios
são materiais que despertam muito desejo dos consumidores e, por esse motivo,
tais produtos tendem a ter um valor salgado na prateleira e causam espanto à
grande maioria dos consumidores, que deixam de consumi-lo.
Movimento iniciado pelo Paysandu
do Pará despertou nos clubes brasileiros um cenário que, até então, ainda não
havia sido explorado. A agremiação percebeu que os seus torcedores tendiam a
consumir produtos mais baratos, considerados "piratas", e entendeu
que existe, sim, uma possibilidade de alcançar tais consumidores.
Assim, iniciou tratativas com
fornecedoras de material esportivo que não conseguiam colocar no mercado
produtos de qualidade, com distribuição regional a preço mais baixo, o que
despertou na diretoria do Paysandu a busca por um parceiro para a confecção de material
esportivo de marca própria.
A estratégia deu muito certo. Com
a obtenção de capilaridade na distribuição dos produtos, que não ficaram mais
exclusivos às casas de material esportivo, preços mais em conta e resultados
financeiros mais expressivos para o clube, o modelo de negócio foi replicado
por alguns clubes do país, como o Esporte Clube Bahia, que lançou, em 2019, a Esquadrão,
sua marca própria de material esportivo.
Claro que, nos dois exemplos
citados, temos cenários distintos e por óbvio, consumidores distintos, mas é
evidente que há espaço para a adequação dos valores da paixão do torcedor, do
esportista, do amante do esporte.
A máxima da indústria do esporte
de que não existe preço para a paixão começa a ser desmistificada e com
possibilidades de alcançar nichos de mercado que possuem, muitas vezes, mais
desejo de consumir, justamente por não terem acesso financeiro à paixão.
Muito se discute com relação às
novas arenas construídas no Brasil após o ciclo da Copa do Mundo de 2014 e a
Olimpíada de 2016, com a eliminação dos setores mais populares dos estádios e a
elitização do torcedor. Tais assuntos não são apenas discutidos no Brasil, mas também
na Europa, onde se fala muito na abertura de setores mais populares nos
estádios, para que o clube ou agremiação se aproxime cada vez mais do torcedor.
Na Alemanha, por exemplo, mesmo
com arenas modernas, existem os setores populares, que são chamados pelos
jogadores como o coração do estádio. Na Inglaterra esse tema é cada vez mais
discutido, principalmente com o crescimento da Premier League
internacionalmente, mas com a frieza com que os jogos são disputados, muitas
vezes com público presente, mas com o silêncio excessivo nas confortáveis cadeiras.
A bem da verdade, mesmo citando
diversos exemplos, não se obterá uma fórmula ideal. O que se deve buscar, isso
sim, é o entendimento do seu consumidor, ou seja, qual a melhor forma de despertar no consumidor o desejo de alimentar essa paixão e, consequentemente, obter-se os resultados
financeiros almejados.
E você, acha que existe promoção
para aquilo que não tem preço? Comente, participe, questione, estamos aqui para
te ouvir e saber sua opinião.
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